24.6.05

Uma crítica que se impõe

Mesmo relegado para a oposição, o PSD continuar a padecer do mesmo mal que o afectou durante os últimos três anos: a incapacidade de adoptar medidas verdadeiramente reformistas. Chega mesmo ao cúmulo de criticar medidas do governo PS que anteriormente defendia aliando-se à esquerda mais retrograda.

Esta semana em Palmela Marques Mendes criticou o aumento de impostos sugerindo em alternativa o recurso a receitas extraordinárias.

Aparentemente correcta (tal como sugeriu António Borges num artigo de opinião), MM peca por não criticar o cerne do problema: a dimensão do Estado e o respectivo volume da despesa.

No mesmo discurso MM chegou ao cúmulo de emular Carvalho da Silva ou Jerónimo Sousa ao criticar o governo por "atacar os funcionários públicos".

No dia seguinte, e parecendo corrigir o "tiro", na AR MM propõe a redução do tamanho do Estado.

Contrariamente ao que o título da notícia prometia "PSD promete proposta para redução do tamanho do Estado" o corpo acaba com todas as ilusões.

Para MM o Estado "a mais" são apenas os "serviços duplicados" (o que não se afasta muito das propostas do BE). A medida visa ainda a "reforma dos sectores administrativos". Qualquer debate sobre quais devem ser as funções do Estado são assim evitadas.

Sabendo que MM não pretende "atacar os funcionários públicos" fico sem saber o que pretende fazer ao pessoal excedentário.

Por muito que custe admitir, neste momento o PS apresenta um maior espírito reformista que o PSD sendo que os socialistas conseguem estar, por vezes, à direita dos sociais-democratas.