Que se danem
A este meu ‘post’, o Gabriel fez um comentário demonstrativo da ânsia, de muitos anglófilos, em terem uma Europa ‘à inglesa’. Por sua vez, este texto do Henrique Raposo é também um pouco isso, com a pequena diferença de ligeiramente mais realista, ou seja, acreditar que essa transformação na Europa, em resultado da qual todo um continente olharia para a Inglaterra e veria nela o futuro, nunca vai acontecer.
Já aqui mencionei o Spectator de 4 de Junho. Nele se pode ler uma certa euforia inglesa com a crise francesa e a ideia que o assalto final à Europa está próximo. Também já o disse: A Europa pós-Revolução Francesa pode estar a terminar. Devo acrescentar que gostava que assim fosse, mas que não acredito que assim venha a ser.
O problema não é só a Europa (diga-se o continente) se irritar com a Inglaterra. É mais que isso. É a Inglaterra (e peço desculpa pela expressão) se borrifar para a Europa. A Inglaterra está na UE porque tem de ser. Para ela é uma maçada. Os ingleses não querem converter a Europa. Pretendem, isso sim, que ela não os chateie, nem os aborreça. A Inglaterra tem outros interesses, como uma relação privilegiada com os cowboys que há cem anos conduziam manadas de vacas e agora lideram o mundo e aqueles filhos de presidiários que habitam uma terra simpática chamada Austrália. Além disso, ainda mantêm inúmeras ligações com países africanos e asiáticos causando inveja a todo e qualquer europeu que se preze. Um inglês, o que deseja (e quem negocie e trabalhe com ingleses pode comprová-lo) é ter um bom relacionamento com estes países. Com o resto do mundo. É com eles que faz os seus negócios. Que partilha os seus ideais e se sente bem.
A Inglaterra, por ela, mandava a Europa às urtigas e fazia um mercado comum com as suas ex-colónias. Fazia-o e ficava lindamente. Convencer a Europa do quer que seja, a Inglaterra nunca o fez nem vai ser agora que o vai tentar.
por André Abrantes Amaral @ 6/22/2005 12:00:00 da tarde
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