Cunhal, não ao engodo
Pensei em desistir escrever um texto sobre Álvaro Cunhal por pensar não valer a pena, mas após ler este ‘post’ do Filipe vi-me forçado a mudar de ideias. O Filipe é um bom homem que se enganou com o comunismo, mas Cunhal, ao contrário do que se retira do texto do Filipe, não. Cunhal sempre acreditou na doutrina comunista e sempre soube o que ela significava. Para o ex-líder do PCP os horrores vividos na União Soviética eram um mal menor (e necessário) para se atingir a glória comunista.
Álvaro Cunhal foi o homem de confiança da URSS em Portugal. Era, no seu dogmatismo comunista, na sua entrega à causa em que acreditava, um homem cruel. Um líder politico que colocou os valores comunistas à frente dos interesses e necessidades das pessoas. Mais que a melhoria de vida dos cidadãos ele queria instaurar o comunismo em Portugal. Foi um homem autoritário e totalitário a que, graças a Deus e a uma boa dose de esperteza e coragem, escapámos todos.
Cunhal lutou contra Salazar, mas não contra a ditadura. Os dois podiam discordar em muita coisa, mas estavam de acordo quando não viam com bons olhos a democracia, não a encaravam como um regime benéfico para o nosso país. Isto não vale oito anos na cadeia, nem se compreende, mesmo que se perdoe.
Há e houve políticos que admiro, maioritariamente aqueles com quem não concordo. No uso da sua liberdade, defenderam as suas ideias. Cunhal não acreditava nas nossas faculdades. O que pretendia era que não fossemos livres. Para atingir esse fim Cunhal não teria contemplações. Não hesitaria. Não olharia a meios. Naturalmente, não o admiro.
Hoje, não vivemos em ditadura porque o país o venceu. Esta semana morreu um homem que foi derrotado pelo seu povo. Sem nenhuma animosidade e qualquer melindre, só posso terminar com um ‘Até nunca.”
por André Abrantes Amaral @ 6/16/2005 12:15:00 da tarde
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