16.6.05

Coroas de flores para comunistas (2)

Mas já desde Junho que o notável Vasco tentava, com ardor, impedir os progressos da "reacção". Por um lado, detendo e torturando indivíduos avulsos, a título de experimentação da pedagogia estalinista. Note-se que as ordens de prisão, na sua maioria, foram assinadas pelo nosso herói. Por outro lado, atraindo as graças do COPCON, para o que enviaram, sob os auspícios soviéticos, Otelo a Cuba. Em busca da Luz, supõe-se. Nesse "Verão quente", pasme-se, Vasco Gonçalves ainda teve tempo para arrancar da cabecinha o "Documento de Análise da Situação Política Actual", peça de invulgar teor literário e um libelo acusatório do "ataque do capital", pontuado com urros relativos à "vanguarda política" e à "via para o socialismo", que já tardavam. ###

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Quando foi a Almada, a 18 de Agosto, o camarada Vasco já não parecia ter cura: "Dizem-nos que este governo tem poucas possibilidades, tem muito pouca base de apoio, tem uma base de apoio muito restrita. Devo dizer-vos aqui o seguinte: não há nenhuma revolução, numa determinada fase da sua história, que não tenha tido uma base de apoio restrita. Pois é precisamente nesse momento que é preciso um governo forte e com autoridade. (...) Esse poder e autoridade só as forças armadas o podem dar". O delírio é mais do que evidente, e até Otelo julgou o discurso despropositado. No fim do mês, mesmo o tíbio Costa Gomes não tem outro remédio a não ser demiti-lo. Até Novembro, a seita "gonçalvista" ainda se rebolou; a 25, estragaram-lhe o rebolado.