Ratzinger
É certo que a Igreja não tem de se adequar ao “espírito do tempo”. É verdade que, tantas vezes, este é a “coisa mais totalitária” que conhecemos. Também é correcto dizer que a Igreja não deve ligar às criticas dos críticos do costume que não querem qualquer reforma, mas apenas o fim de toda e qualquer religião. Comparam-na com a armadilha totalitária em que caíram e pretendem sentir o sabor da desforra. Só assim compreendo o seu ódio a qualquer modo de ver o mundo que não seja terreno e científico.
Tudo isto é certo. Sucede que existem problemas inerentes à pessoa humana que devem ser tidos em conta e não são apenas de agora, dos tempos modernos. Há crentes no catolicismo que se casam novos e dão-se conta mais tarde do seu erro. Há quem siga o sacerdócio e gostasse de constituir família. Sacerdotes que não conseguem responder às dúvidas da vida secular. Porventura existem mulheres com vocação para o sacerdócio. Encontra-se na Igreja um excesso de centralismo sem precedentes (e desnecessário?).
São muitas as questões fulcrais para muitos que vêem no catolicismo (poderiam ver noutra religião caso vivessem noutro país) a existência de algo que não unicamente terreno. Sei que a Igreja se define como infalível em matéria de fé e de costumes. Coisas há que são imutáveis. Mas também sei que muitos dos costumes que a Igreja defende hoje não o foram ontem. Que garantias podemos ter que o continuarão amanhã?
por André Abrantes Amaral @ 4/21/2005 11:41:00 da manhã
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