26.4.05

Custo de oportunidade, outra vez

Uma série de avaliações desenvolvidas nos últimos anos pelo centro de inovação Inteli, sobre o efeito Autoeuropa na economia, afasta dúvidas quer, por um lado, quanto ao elevado efeito multiplicador do projecto quer, por outro, quanto manifesta fragilidade das chamadas empresas de raiz nacional.

Os cálculos desta entidade, que se tem dedicado a implementar uma estratégia nacional para o sector e no âmbito da qual criou o Istrat, indicam que por cada euro de apoio concedido pelo Estado à Autoeuropa, esta gerou 14,4 euros de riqueza na economia, o que é considerado um valor elevado.
O "apoio público" ascendeu a 620 milhões de euros. Isto significa que a "riqueza gerada" foi cerca de 9 biliões de euros. Dado os apoios estatais terem ocorrido entre os anos de 1991 e 1996, podemos calcular, de forma simplificada, a taxa de retorno anual deste investimento público: 25%.

Ora, se é para brincar aos investimentos com o dinheiro dos contribuintes, teria sido melhor investir na bolsa portuguesa (PSI20: 41% de taxa média de retorno), espanhola (IBEX35: 43%) ou francesa (CAC40: 32%), dados bem mais fidedignos que qualquer tentativa de cálculo do montante da riqueza criada pelo sector automóvel.

Os jornalistas esquecem(?) sempre de referir o custo de oportunidade de tais investimentos que, neste caso, é o benefício que o contribuinte retiraria da riqueza que o Estado lhe confiscou.

Conforme escreveu Bastiat em 1850, é sempre mais fácil olhar para a obra do político...