Cabo Verde, Portugal e a Europa
Agora que o José Sócrates se encontra em Espanha, na sua primeira visita ao estrangeiro como chefe de governo, é a altura ideal para lembrar as vantagens, há tempos mencionadas, tanto pelo Prof. Adriano Moreira, como pelo Dr. Mário Soares, de integração de Cabo Verde na União Europeia. No meu ponto de vista, o alargamento das instituições europeias a Oeste deveria começar a ser analisado numa perspectiva de segurança, podendo a integração daquele país ser encarada tanto no âmbito da UE, como apenas e tão só da NATO.
Existem muitos equilíbrios que podem vir mudar nos próximos tempos dentro destas duas instituições. Enquanto na UE se discute a possível integração da Turquia, na NATO existem boas probabilidade de Marrocos e até a Austrália e a Nova Zelândia a ela aderirem. Se todas estas alterações são possíveis, por que motivo o mesmo não poderá suceder com Cabo Verde?
As vantagens estão, julgo eu, à vista e começam logo por Cabo Verde que passaria a ter acesso (tanto através da UE, como através da NATO) às grandes reuniões internacionais. Além do mais, e numa perspectiva exclusivamente nossa, o alargamento da área marítima europeia criaria possibilidades de um maior e melhor controlo do tráfego marítimo, essencialmente quando este se cinge ao tráfico de armas e de estupefacientes. Mas há mais. Seria uma boa porta de entrada no continente africano dando a Portugal uma posição privilegiada em toda a região e um novo fôlego dentro do equilíbrio europeu. Naturalmente que daqui surgiriam novos problemas. A entrada da Cabo Verde, não será de bom grado aceite pela França (que tem na África equatorial muita influência), mas seria também uma oportunidade de alterar esse estado de coisas. Os EUA teriam vantagens, mas simultânea e inevitavelmente alguns receios, na medida em que um novo centro de poder surgiria na região.
É um assunto importante a ser discutido e, se com o interesse de Cabo Verde, apresentado ou à UE ou à NATO. O que não podemos é queixar-nos sempre que as potências europeias invadem as nossas zonas de influência e depois nada fazer por se entender não ser exequível. Se cada estado europeu luta, sem complexos, pelos seus interesses nacionais, dentro e no quadro das organizações a que pertencem, porque não pode Portugal fazer o mesmo?
por André Abrantes Amaral @ 4/12/2005 11:56:00 da manhã
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