Imparcialidade
A ética e a imparcialidade dos jornalistas, bem como a elevada dignidade da função, andam frequentemente,por exemplo, na boca de responsáveis do Sindicato do Jornalistas, em programas do Clube de Jornalistas, entre outros. Mas, depois, a prática, em numerosos exemplos, desmente este altos propósitos.
O caso de hoje vem no artigo (não assinado) Polémica nomeação para embaixador na ONU, no Jornal de Notícias. Depois de caracterizarem o nomeado como um falcão neoconservador bem como da oposição que a sua nomeação gerou na Europa e entre ex-embaixadores norte-americanos, vem este parágrafo espantoso:Nem tudo, porém, está perdido. A nomeação de Bolton tem ainda de ser corroborada pelo Comité dos Negócios Estrangeiros e os senadores democratas que fazem parte daquele órgão afirmaram que irão fazer tudo para bloquear o processo.
A primeira fase do parágrafo é notável: nem tudo está perdido para quem? Para os democratas? Para aqueles que se opõem aos neoconservadores? Parece que o jornalista partilha das preocupações daqueles que se opõem a nomeação de Bolton.
A notícia é obviamente construída sobre despacho das agências noticiosas. Esta notável frase será obra de quem escreveu a versão no JN? Ou já vinha assim? Em todo o caso, esta deve ser a informação a que temos direito.
Post scriptum: a propósito de imparcialidade, ver também este artigo sobre a BBC.
por Rui Oliveira @ 4/12/2005 09:50:00 da manhã
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