Democracy must be something more than two wolves and a sheep voting on what to have for dinner. - James Bovard
9.3.05
A tragédia dos condomínios
Todos anos, em Janeiro, realizam-se por todo o país as Assembleias de Condóminos.
Nas semanas seguintes, as queixas dos participantes dominam as conversas e parece que toda a gente tem um vizinho do 4º Esq. em quem gostaria de praticar eutanásia.
Aparentemente, o auto-governo não funciona nem na mais básica das comunidades.
O que é curioso é que os condomínios apresentam um conjunto de características que, à primeira vista, garantiriam outro tipo de resultados:
É uma comunidade pequena. Logo, os ‘custos de transacção’ são reduzidos e a probabilidade de ocorrência da ‘tragédia dos comuns’ diminui.
É uma comunidade estável com fronteiras definidas e interacções frequentes. Logo, a reputação torna-se um valor importante e potencialmente resolve as dificuldades associadas ao ‘dilema do prisioneiro’.
As normas que regem a comunidade são transparentes (eleição do administrador, partilha dos custos, pagamentos, etc…) e definem claramente as responsabilidades de cada um. Logo, não se pode alegar que exista desconhecimento das normas ou erros repetidos por parte de alguns condóminos.
As características acima referidas em conjunto contribuem para que a ‘opacidade social’ seja reduzida. Não é fácil prevaricar e passar despercebido.
Existe um conjunto de penalizações claramente definidas.
Em último caso, pode-se sempre recorrer a uma autoridade exterior para aplicar as penas por incumprimento.
Outra questão é o desprezo a que muitos votam este exercício de auto-governo. Neste caso, não é possível alegar distanciamento entre ‘eleitores’ e ‘eleitos’ ou separação entre o interesse particular e o bem comum para justificar o abstencionismo.
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