Democracy must be something more than two wolves and a sheep voting on what to have for dinner. - James Bovard
7.3.05
Resposta às picuinhices dissidentes
[texto do picuinhas a vermelho, meus comentários a azul]
Comentário geral: Em primeiro lugar, fico muito agradado por alguém ter lido o meu humilde post. Em segundo lugar, o post continha apenas um breve comentário sobre o suícidio. Em terceiro lugar, creio que podemos concordar no seguinte: o argumento do Daniel não permite defender a eutanásia
Se os humanos praticam o suicídio há milénios, dificilmente se pode considerá-lo não-natural.
Primeiro, eu qualifico o que pretendo dizer por anti-natural (Vd. meu post anterior e Vd. igualmente o que S. Tomás de Aquino diz sobre esta questão). Sobre essas questões não te pronuncias.
Segundo, o facto do suícidio ser ou não praticado há milénios é irrelevante para esta discussão. O facto de o suícidio ser ou não praticado nada diz sobre o facto do suícido dever ou não ser praticado. Ou seja, a tua defesa com base na história é irrelevante para efeitos da discussão sobre a moralidade do suícidio.
Mesmo que fosse não-natural, daí não decorria nada do ponto de vista moral. A agressão é natural, e em geral moralmente errada.
Remeto para o comentário anterior. Parece-me que deverás primeiro falsificar os argumentos que apresento antes de fazeres este tipo de afirmações.
A posse de si mesmo, liberal, encontra aqui um limite, para os que acreditam em Deus. Locke, por exemplo, argumenta que pertencemos a Deus, em última instância. Não somos donos de nós próprios, mas sim fieis depositários de nós próprios perante Deus. Por outro lado, ninguém tem o poder de proteger agir em nome de Deus, senão o próprio na defesa de si mesmo.
Fico muito contente por saber que para Locke o suícidio é imoral. Quanto à última proposição, necessita de explicação (caso não seja um dogma de fé).
Para quem não acredita, esta questão não se põe. A posse de si mesmo é absoluta, para vida ou para a morte. Esta é a minha posição. Temos o direito ao suicídio. (Temos também a obrigação moral de o tentar impedir sem usar a coerção.)
De novo, eu apresentei três diferentes linhas de argumento racionais para defender a imoralidade do suícidio. Tu não discutes nenhuma desses argumentos e apresentas apenas proposições que não explicas.
(um dia gostaria de saber porque não acreditas)
O argumento de que o suicida não é realmente livre é muito perigoso. Aplicado ao homicida, desculpa-o do acto. Nega o livre-arbítrio.
Em primeiro lugar, os homicidas nem sempre estão sob o domínio das paixões. No caso do 'cold blooded murder', a tua objecção não faz sentido.
Em segundo lugar, nos casos em que os homicidas estão sob o domínio das paixões a culpa não desaparece mas é mitigada exactamente pelo facto de não exisitir um discernimento total por parte do agente. Este facto é reconhecido pelas leis humanas (e pelas divinas também).
Também para mim a eutanásia, por vontade do que será morto, é legítima.
Terás que elaborar mais. E tens também que respoder à seguinte questão: como é que o meu direito a morrer impõe a outrém obrigação de matar ?
Ou seja, concordo com o Daniel.
Birds of the same feather...;)
Obrigado pela atenção. Agora tenho que ir andando senão a minha mulher ainda me suicida.
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