14.3.05

Caro Timóteo,

  • Manda-se passear o Timóteo;
  • Pacientemente, procura-se de forma mais didáctica apresentar as nossas objecções à ‘lógica’ do Timóteo;
  • Procura-se um método que seja imune à falta de abertura ao diálogo do Timóteo.
Eu sigo estes três caminhos:

  • Apresento neste blog uma nova tentativa de explicar os erros do Timóteo.

  • Apresento no post que está imediatamente por baixo deste provas de que: a Igreja não defende nem quer defender um único sistema económico-social; a Igreja aceita pelo menos uma forma do modelo económico-social que o Timóteo rejeita; vários aspectos do modelo económico-social defendido pelo Timóteo são condenados e criticados pela Igreja.

    Repare-se que todas estas conclusões contrariam directamente as conclusões da ‘lógica’ do Timóteo. Se as conclusões estão erradas, a ‘lógica’ não pode estar certa,

  • Caso o Timóteo se mantenha na sua posição irredutível, e tendo sacrificado pelo Timóteo várias horas desta madrugada para escrever estes posts, posso, muito cristãmente, mandar passear o Timóteo.
Os principais erros do Timóteo são os seguintes:

  1. O Timóteo utiliza o cristianismo para justificar as suas preferências políticas. Esta técnica foi já utilizada várias vezes durante a história. Nalguns casos, nomeadamente ocorridos durante os anos 40, esta prática foi condenada pela Igreja. O que o Timóteo deveria fazer era verificar quais das suas preferências políticas são compatíveis com o ensinamentos da Igreja e quais não são.
  2. Ao tentar utilizar a doutrina para justificar o seu sistema favorito, o comete o seu 2º grande erro: o Timóteo não pensa com a Igreja. Muito protestantemente, o Timóteo examina livremente as escrituras e chega a conclusões contrárias àquelas da Igreja:
    • Ao contrário do que o Timóteo diz, não existe um sistema económico-social cristão, ou uma área política cristã;
    • O sistema defendido pelas pessoas a quem o Timóteo por várias vezes no seu blog chama ‘inimigos’, é compatível com a doutrina nos termos descritos no post seguinte;
    • Vários aspectos do sistema defendido pelo Timóteo são incompatíveis com a doutrina;
    • A defesa exclusiva da intervenção estatal viola a doutrina e não leva em conta os resultados da experiência de décadas. Esta defesa aproxima-se da estatolatria. Da mesma forma, o facto de você desprezar a caridade privada e o papel da sociedade civil, quando a Igreja propõe activamente uma e exalta a outra, também não favorece a defesa da sua tese.;
    • A solidariedade não diz respeito apenas aos bens materiais, mas sobretudo aos bens espirituais. Nestes aspecto a sua abordagem é muito materialista;
    • Etc...

  3. O 3º grande erro é pensar que um partido ou uma área política se caracterizam apenas pela defesa de um determinado sistema económico-social. Ao fazê-lo, o Timóteo constrói uma esquerda que não existe ou que, a existir, será constituída apenas pelo Timóteo. A recusa de considerar as “causas fracturantes” como fazendo parte do projecto da esquerda, que o Timóteo fundamenta com recurso a argumentos com graça mas historicamente falsos, obriga o Timóteo a excluir da esquerda todos os partidos da esquerda.


Mas não quero aqui repetir o que está escrito noutros lados. Leia o que está neste blog e no post seguinte.

Boa sorte e até sempre,
João Noronha