28.2.05

O Presidente audímetro

Permito-me discordar, até porque, que se saiba, entre os poderes constitucionais que são atribuídos à Presidência da República nunca constou a mística faculdade da leitura de "sinais", que lhe serão enviados por essa extraordinária mas nebulosa entidade chamada "povo português".
Só se o Presidente se transformou, de repente, numa espécie de audímetro da popularidade dos governos, um adivinho das borras do café da esquina, ou um intérprete mediúnico dos sentimentos nacionais – e, nesse caso, tudo será possível nos próximos anos, incluindo a instabilidade crónica do regime.
O precedente, reconheçam comigo, foi criado. Os que hoje o apoiam, depois não se poderão queixar.
Adenda: sobre o mesmo assunto, recomento também a leitura do post Precidente, de Luciano Amaral.