18.10.06

Sacudir a água do capote

O secretário de Estado Adjunto da Indústria e da Inovação declarou que «a culpa» do aumento de 15,7% da electricidade para os consumidores domésticos em 2007 é do consumidor, porque esteve vários anos a pagar menos do que devia.


Penso que qualquer um com um mínimo conhecimento dos mecanismos de mercado sabe que os agentes respondem aos incentivos que lhe são oferecidos.

Dado que os preços da energia eléctrica, fixados administrativamente, não acompanharam o aumento dos custos reais de produção não existiu por parte destes grande incentivo à redução do consumo de energia. Perante isto, às empresas produtoras de energia eléctrica só restavam duas opções. Ou acumulavam défices (o que se verificou) ou racionavam o consumo (o que podia gerar alguns "apagões").

Se porventura não tiver ficado claro, esclareço que não defendo a existência de preços administativos que, a prazo, geram situações insustentáveis e distorcem o sistema de preços relativos. No entanto, mais bizarro parecem-me ser as declarações António Castro Guerra que atribui aos consumidores a culpa de uma situação gerada pelo intervencionismo estatal e parece desconhecer princípios básicos da teoria económica.