22.9.06

Em defesa de quem?

As autarquias estão a contratar professores a preços de saldo, passado por cima dos direitos dos docentes. A denúncia é feita pelos sindicatos.

Professores destinados a actividades de enriquecimento curricular no 1.º Ciclo do Ensino Básico estão a ser contratados por autarquias a recibo verde.
Fenprof e FNE falam em pagamentos entre cinco e oito euros à hora, mas quando as autarquias disputam o mesmo grupo de docentes, o pagamento pode chegar a 12 eros à hora.

Todos os anos, muitos milhares de candidatos a serem empregados no sector público da educação pelos serviços do ministério da educação, ficam desempregados. Consecutivamente, ano após ano.
Como compreender então que os sindicatos se insurjam contra o acordo celebrado (livremente e sem coacção, presumo) por muitos professores, possivelmente desempregados, que pretendem seguir a sua vida pós-concursos?
Talvez lhes interesse a manutenção de um número permanentemente elevado de eventuais filiados numa situação de fragilidade, por verem interrompido por mais um ano a sua entrada no funcionalismo público. Tal situação dá aos sindicatos um aparente aumento de representatividade.
Na realidade, esta preocupação do sindicato tem mais a ver com a defesa da posição dos profissionais já colocados. É que a concorrência pelos postos de trabalho, quando a oferta é maior que a procura, tende a potenciar situações destas, semelhantes em qualquer mercado: criam-se estratégias (no mercado de trabalho, pelos sindicatos ou pelas ordens profissionais) para dificultar a entrada no mercado de novos concorrentes que possam dar indicação aos compradores que existem alternativas. Pior ainda se apresentarem preços mais atractivos para a procura, para mais numa situação em que esta tem muito poucos recursos disponíveis.
É evidente o receio das consequências das informações transmitidas por um tal mecanismo de preços no mercado de trabalho da educação.