A prudência indevida
Quando se fala de reformas, normalmente os governos pedem prudência. Que é preciso ter em conta os direitos de x, y e daí em diante numa lista que implica o recurso a um novo alfabeto para abranger todos os amparados com o sistema actual. Mas há um protegido que nunca é mencionado e ele é o próprio governo, e as carreiras dos políticos que o constituem.
Em Portugal vivemos numa economia estagnada. Ora, nada disso é novo quando olhamos para a Europa da leste na década de 90. Aí temos uma panóplia de bons exemplos e de melhores remédios para saber como resolver o problema. No leste europeu encontramos países que prosperam e outros que estagnam. Mais. Ficamos a saber serem os que enriquecem aqueles que fizeram reformas dolorosas, tão difíceis que dificilmente os seus governos se mantém por muito tempo no activo, como pode acontecer nas próximas eleições na Eslováquia. Pelo contrário, os que tiveram o azar se ser governados por homens prudentes, mas insensatos, continuam pobres.
Qual o objectivo primordial de um governo? Permitir a melhoria do nível de vida dos cidadãos ou manter-se no poder? Se pretender o primeiro, arrisca-se a sacrificar o seu posto. Qualquer mudança económica, implica alternância no poder. Se desejar o segundo, basta-lhe dar uma no cravo e outra na ferradura. Anunciar umas pequenas reformas enquanto adia outras. Esperar por melhores dias e pelas próximas eleições que vencerá sem dificuldade. A prudência do governo, baseia-se num mero cálculo do que é necessário fazer para ser vitorioso. Porque se ele beneficia com a prudência, apenas tem a perder com a mudança.
por André Abrantes Amaral @ 6/06/2006 01:43:00 da tarde
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