O "eduquês" em debate
Pelo que me contou quem esteve presente, a sessão de debate em torno do livro "O 'Eduquês' em Discurso Directo. Uma crítica da pedagogia romântica e construtivista.", de Nuno Crato, que decorreu ontem na Quinta do Bonjóia no Porto, foi muito produtiva no que diz respeito à exposição de alguns dos principais males que corroem a educação em Portugal, nomeadamente os associados ao pernicioso lobby do "eduquês" que vem dominando a política educativa em Portugal já há várias décadas. As intervenções de algumas empenhadas defensoras do dito lobby terão também contribuído decisivamente para ilustrar, porventura involuntariamente, que Nuno Crato não exagera nas descrições e críticas que apresenta no seu livro.
É um serviço público extremamente importante prestado por Nuno Crato e por todos quantos, antes e depois dele, se unam a este combate. Gostaria no entanto de realçar duas outras matérias sem as quais não será possível inverter a desastrosa situação da educação em Portugal:###
1- Para além de passar a mensagem sobre os males (inequívocos) do "eduquês", é crucial que, no plano político, o designío de libertar o sistema educativo dos lobbies que nele se apoiam e o fomentam seja assumido como uma prioridade, pelo menos a médio prazo, por alguma força política com aspirações à governação. De outra forma, tendo em conta que os lobbies do "eduquês" controlam de forma quase absoluta a condução da política educativa, nada mudará, por muita (justa) indignação que obras como a de Nuno Crato fomentem.
2- O desastroso panorama da educação em Portugal deveria também servir para suscitar a reflexão sobre os riscos elevadíssimos a que está sujeito qualquer sistema estatizado e centralizado de educação. Nesse sentido, a preocupação com o desastroso efeito das prática associadas ao "eduquês" deveria ser acompanhada de um maior interesse por soluções que garantam uma efectiva liberdade de educação, devolvendo às famílias e à sociedade civil o poder de realizar escolhas nesta área crucial. A educação é uma área importante demais para ser deixada ao Estado e aos interesses instalados que se servem dele.
por André Azevedo Alves @ 5/10/2006 01:30:00 da manhã
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