11.5.06

Leitura recomendada

Não se percebe. O PS continua a reconhecer implicitamente, dia após dia e pela acção do Governo, como esteve errado em tanta coisa daquilo que defendeu até há uns meses. E, no entanto, aqueles que se lhe opõem e deveriam sentir-se legitimados com o que se passa, não sabem o que fazer. Mais, nesse reconhecimento, o PS permite-se introduzir medidas cujas consequências são gravosas para o bem- -estar dos portugueses, sem que os seus opositores consigam aparecer com qualquer coisa indicando que haveria outros caminhos. Mais ainda, o PS faz isto tudo e os seus opositores nem sequer querem discutir as ditas medidas. Ou seja, andaram a pedir ad nauseam que o Governo se deixasse de propaganda e apresentasse medidas sérias, mas quando finalmente o Governo apresenta medidas sérias, eles mostram que afinal não tinham nada para dizer.

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A altura seria a ideal para essa oposição (ou pelo menos uma parte dela) dizer que sempre tinha afirmado a inviabilidade da Segurança Social tal como ela existe. Seria até a ideal para adiantar uma reforma da Segurança Social que não implicasse necessariamente perda de bem-estar, mas antes o alargamento de possibilidades para o aumentar. Isto seria relativamente fácil, caso se apontasse ao verdadeiro handicap da proposta do Governo, que é o de continuar a conceber a provisão dos serviços de Segurança Social como monopólio público. A oposição de direita nem sequer precisava de defender a irrelevância do Estado para estes serviços. Bastava-lhe dizer que o Estado se deveria cingir a oferecer um mínimo que não deixasse os mais desafortunados sem qualquer meio de enfrentar a adversidade.


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É evidente que isto obrigaria a oposição de direita a um bocadinho mais de trabalho do que simplesmente esperar pelo fim do corrente ciclo de governabilidade (que pode coincidir ou não com o da legislatura) ou esperar pela salvação a partir de Belém. Mas é como se ouve nas paragens de autocarro: hoje em dia ninguém quer trabalhar.