5.4.06

Quanto tempo podemos esperar?

"Contra aquele texto, votava de certeza, porque era um texto completamente desadequado da realidade portuguesa e europeia e porque era um texto que, além de uma linguagem puramente marxista, que não deve existir nas Constituições, impunha o socialismo ao povo português"(...) Quanto à revisão extraordinária pedida pela direita, Freitas do Amaral é cauteloso e considera que "devemos dar tempo ao tempo, respirar, meditar, reflectir, estudar".

[RR]
Ainda bem que há pelo menos um ministro do governo socialista que rejeita o socialismo.

Quanto mais anos (lustros?, décadas?) terá o país de esperar para que todas as preocupações, que tornam Freitas do Amaral tão cauteloso, se dissipem e possamos ter uma constituição que devolva aos portugueses mais liberdade e mais direitos?

É preciso ter noção que a revisão constitucional depende dos deputados e estes dos partidos que representam. Dada a prevalência socialista (mesmo na sua vertente social-democrata) na política portuguesa, temo que a lentidão de processos preconizada pelo ex-presidente do CDS está assegurada e contribuirá para a longevidade da actual CRP ou para uma sua versão, cautelosamente retocada. Na defesa desta continuidade temos de contar com os partidos de extrema-esquerda que querem manter um texto que assegure a "justiça social", mantendo o papel do estado (e a sua dimensão) como responsável pela sua aplicação.

Se a CRP serve de entrave às mudanças profundas que o país tanto necessita, não é menos verdade que ela ainda reflete a vontade política expressa nas urnas. Será então necessário que, em primeiro lugar, se ganhe a guerra das ideias, levando a que os cidadãos mostrem aos seus representantes que não há mais tempo para cautelas.