A democracia parcial
Face à inexistência de uma oposição credível e capaz, começa-se a sentir que Sócrates nos acompanhará por muitos e bons anos. A cimentar esta ideia estão as grandemente publicitadas pequenas reformas que o governo nos tem apresentado. Há, no entanto, aqui um problema que reside em as medidas do governo mais não serem que pequenos ajustes no Estado social. Ou seja: O governo, em nome de todos, pretende criar condições para que alguns (que maioritariamente votam no partido que o sustenta) mantenham o nível de vida e a segurança de sempre. Para tal, fazem-se concessões compreensivelmente acatadas que dêem a ideia do sacrifício ser de todos. Mas não é assim. Existe uma larga percentagem da população que abandona algumas liberdades, como a da escolha do local onde recebe cuidados de saúde, da escola onde os seus filhos possam estudar e até mesmo o modo como planeia a sua reforma. O sacrifício destes é superior, por ser uma abdicação da liberdade.
O que cabe aos partidos da oposição é apresentar esta outra vertente da sociedade portuguesa. Porque isto de ter medo e defender os eleitores de alguma forma dependentes do Estado, como maneira de voltar ao governo, não só não é sério, como coloca em risco a existência da democracia. Torna inevitável a carência de alternativa. Faz sentir a ideia que, agora podemos votar, mas, tal como há 50 anos, o interesse a ter em conta é só um e o de alguns.
por André Abrantes Amaral @ 4/05/2006 11:44:00 da manhã
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