2.3.06

Um presidente mãos largas

A seguir às eleições presidenciais, Vital Moreira lamentava que um economista plebeu e tecnocrata sucedesse ao aristocrata Jorge Sampaio.
De facto o ainda presidente da república tem feito o possível para ser recordado como um monarca do séc. XIX. Lembram-se da frase "Foge, cão, que te fazem barão! Mas para onde, se me fazem visconde?"?
A multitude de condecorações concedidas nos últimos tempos pela presidência deveria despertar nos recipientes alguma desconfiança oitocentista quanto à qualificação honorífica que tal prodigalidade instititui.
Se é o mérito excepcional que deve ser reconhecido por uma condecoração, então esta massificação de reconhecimentos não pode ser vista a não ser sobre a óptica socialista, numa tentativa para redistribuir aquilo que se vê como uma benesse pelo maior número de cidadãos que conseguir. A todos prover com uma medalhinha, dando curso à função estatal de indicar modelos de vida e cometimento ao bem comum.
Nos dias que faltam até à sua saída de Belém antevê-se um esforço derradeiro, mas díficil de ser bem sucedido, para atingir o record estabelecido pelo grande pai do socialismo português.