Democracy must be something more than two wolves and a sheep voting on what to have for dinner. - James Bovard
20.3.06
Será que se curam os males do Socialismo com mais Socialismo?
O Nuno Ramos de Almeida, no Aspirina B, quer convencer os seus leitores que o desemprego em França é fruto da adopção de soluções neo-liberais, e que o capitalismo, pelos vistos, falhou:
O falhanço do capitalismo para garantir as condições de vida para a maioria da população precisa de justificações ideológicas que proporcionem o consenso subjugado das grandes massas: nada como convencer um desempregado, que é para seu bem que vive na miséria…
(...)
A situação dos jovens franceses é a esse respeito bem elucidativa da cegueira destas mezinhas ideológicas, disfarçadas de medidas económicas. 1. A taxa de desemprego dos jovens até 30 anos atinge 30% (nos subúrbios chega aos 60%). Para comparar é preciso revelar dois factos: a taxa de desemprego dos trabalhadores com mais de 50 anos é de 7,7% e em 1970, a taxa de desemprego dos jovens era só de 4%. Vinte anos de políticas, cada vez mais, neoliberais resultaram mais 20% de desemprego. 2. Enquanto o poder de compra médio da população francesa cresceu regularmente nestes últimos 20 anos, o da população com menos de 35 anos desceu 5%. Pela primeira vez, ganha-se mais reformado aos 66 anos do que a trabalhar entre os 30 e 35 anos. Segundo as estatísticas existem 600 000 jovens pobres em França. 3. Em 1975, a taxa de desemprego entre os licenciados e baixareis era de 6%, hoje em dia, ela ultrapassa os 25%. 4. Em 1982, a média etária dos representantes políticos e sindicais era de 45 anos; em 2006, é de 59 anos. As políticas são velhas e o poder está caduco.
A inépcia da política económica neoliberal é total. O famoso Consenso de Washington sistematizado pelo FMI, Banco Mundial levou à bancarrota Argentina e à destruição de grande parte da economia da América Latina.
Meu caro Nuno: a agonia da América Latina não resultou das políticas liberais, mas sim do proteccionismo (marcadamente anti-liberal) dos países desenvolvidos - entre os quais a França e os EUA - que sempre asfixiaram as economias em desenvolvimento. No caso particular da Argentina, o erro - fatal - resultou da má arbitragem da dívida, excessivamente alocada ao dólar, sem a devida cobertura cambial.
Podem os «acólitos» do Socialismo pregar as suas ideias místicas, mas a realidade encarrega-se de os contrariar. A «protecção» do emprego ajuda apenas os que estão no mercado de trabalho e aí se mantêm ficticiamente, escudados por artifícios jurídicos, em prejuízo e potenciando o empobrecimento dos mais jovens, que não têm por isso a possibilidade de demonstrar o seu valor: o que «pesa» mais aos 26 anos, não será a possibilidade de ter um trabalho onde possam atestar a sua competência e a sua mais-valia? Ou devem os jovens no mundo de hoje começar logo a vida activa obcecados com a «segurança»? Haverá no século XXI sociedades sem risco?
<< Blogue