O Rapto da Europa
Este post foi originalmente publicado n'O Intermitente a 21/04/04. As adições ou correcções ao texto original aparecem entre [ ].
O jornal inglês The Sun [nota: link indisponível] publicou uma reportagem [na edição de 20/04/04] sobre os custos do Parlamento Europeu (PE). Descontando a habitual histeria anti-UE e anti-francesa deste tabloide podem-se, mesmo assim, retirar dados surpreendentes.###
O PE está sediado em Bruxelas onde se realizam as reuniões dos comités parlamentares e algumas sessões parlamentares.
Uma vez por mês (por quatro dias) o PE muda-se para Estrasburgo para as sessões plenárias.
O Secretariado Geral do Parlamento encontra-se, por sua vez, sediado no Luxemburgo.
A mudança mensal para Estrasburgo implica a deslocação de Bruxelas dos 732 deputados e de cerca de 3000 funcionários que lhes dão apoio. A estes acrescem cerca de 170 funcionários vindos do Luxemburgo. É claro que ainda é necessário contabilizar os custos da deslocação de toda a documentação necessária aos trabalhos parlamentares [1].
Os custos anuais destas "mudanças" ultrapassam 19 milhões de Euros.
Os custos de manutenção das três localizações do PE ascendem aos 205 milhões de euros.[Muitos destes são custos decorrentes da duplicação das instalações]. Um estudo do Secretário-Geral do PE estimava que a concentração das actividades do PE apenas num local permitiria poupar cerca de 80 milhões de euros. [O EU Observer estima em 200 milhões de euros - presumivelmente por ano - o custo da manutenção do edifício e as deslocações para Estrasburgo]. O problema é que para alterar o actual estatuto do PE é necessária a aprovação de todos os países-membros. É claro que nenhum dos actuais beneficiários parece disposto a isso.
[Uma proposta recente para concentrar o PE em Bruxelas oferecendo, como compensação, a Estraburgo o Instituto Europeu de Tecnologia foi liminarmente rejeitada pela França. Um diplomata francês, não identificado, disse que o parlamento de Estrasburgo "representa a reconciliação franco-alemã e a unidade europeia". Penso que um monumento faria o mesmo efeito e ficaria consideralvelmente mais barato.]
[1] Fazendo uma comparação com Portugal. Seria o mesmo que a AR estar sedidada em Lisboa e os serviços administrativos em Coimbra. Uma semana por mês, estas duas estruturas mudavam-se de armas e bagagens para Valença do Minho para realizar as sessões plenárias.
por Miguel Noronha @ 3/28/2006 11:13:00 da manhã
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