As muitas mortes da blogosfera nacional e o futuro
O PPM acha que a blogosfera, tal como está, "já deu o que tinha a dar". Sem querer desvalorizar a opinião do PPM, julgo que ela é excessivamente pessimista. Ao avaliarem o seu próprio meio, os bloggers tendem a oscilar entre um sobre-optimismo, com previsóes de que os blogs se imporão a prazo aos meios tradicionais (apontam para esta linha vários textos do Manuel, assim como algumas opiniões pontuais de amigos blasfemos e insurgentes), e um excessivo pessimismo (caso em que julgo enquadrar-se o recente post do PPM). Para além de factores pessoais (o nível de entusiasmo vai variando e essa variação repercute-se nas opiniões, como é natural), creio que os excessos de optimismo e pessimismo se devem também a uma sobre-valorização de eventos específicos. Assim, houve amplos anúncios da morte da blogosfera nacional quando acabaram a Coluna Infame ou o Barnabé, só para dar dois exemplos com alguma notoriedade. A verdade, no entanto, é que apesar desses anúncios mais ou menos pessimistas, a blogosfera não tem parado de crescer desde então (em número de blogs, em links, em audiências e, discutivelmente, em impacto externo).###
O exemplo do já veterano Blasfémias (na minha opinião o maior caso de sucesso da blogosfera nacional até ao momento) é para mim bastante significativo: desde os primeiros tempos, a média de visitas mais do que quadruplicou. Mais importante do que isso, o crescimento tem-se dado (excepção feita a alguns picos esporádicos resultantes de eventos específicos, geralmente eleitorais) de forma sustentada e regular. Ainda me recordo de ouvir alguns blasfemos argumentar que seria altamente improvável alguma vez o Blasfémias ultrapassar uma média de 1000 visitas diárias. Hoje, provavelmente, esses mesmos meus amigos considerarão um sinal de grave crise (e talvez até um indício de mais uma morte da blogosfera nacional) se essa média baixar das 2000 visitas diárias....
A avaliar por exemplos internacionais (nomeadamente os EUA, onde os blogs têm já um impacto político bastante significativo), não vejo razões para que esta tendência sustentada de crescimento se altere a curto e médio prazo. Por outras palavras, creio que há ainda um substancial espaço de crescimento para os blogues em Portugal em termos de impacto.
De resto, há muito que defendo que os blogues são um meio de comunicação com futuro, mas que provavelmente coexistirão com os meios tradicionais. Por sua vez, estes terão de se adaptar em alguns sentidos mas não desaparecerão (como a rádio não fez desaparecer os jornais e a televisão não fez desaparecer a rádio...), excepto nos casos em que prevaleça o autismo face à evolução da realidade (mas nesses casos, a razão principal do desaparecimento será o autismo e não o aparecimento dos blogues). A blogosfera dificilmente dominará algum dia a arena mediática mas está na minha opinião de boa saúde e continua com francas perspectivas de expansão e crescimento.
por André Azevedo Alves @ 3/25/2006 07:55:00 da tarde
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