Democracy must be something more than two wolves and a sheep voting on what to have for dinner. - James Bovard
17.1.06
A luta na Autoeuropa
Num texto publicado no Setúbal na Rede, Armindo Miranda, que se apresenta com o mega-título de "Membro da Comissão Política do Comité Central e Responsável pela Organização Regional de Setúbal do PCP", comenta a decisão dos trabalhadores da Autoeuropa terem votado contra os acordos feitos entre a comissão de trabalhadores e a empresa. Diz ele, a concluir:
A Direcção Regional do PCP, saúda os trabalhadores em luta e manifesta total solidariedade com a sua luta na certeza de que, como a experiência mostra, o capital não dá nada que não seja obrigado a dar pela tenacidade da combatividade dos assalariados. E, estarmos certos de que, com os trabalhadores da Autoeuropa assim será no presente e no futuro, até porque, quando se luta nem sempre se vence mas, quando não se luta, perde-se sempre.
O que é que os trabalhadores podem vir a perder? Penso que o que está, de facto, em causa são os seus postos de trabalho. Dada a história de desemprego para antigos trabalhadores da fábrica Renault em Setúbal (não foi assim há tanto tempo), estranho que não se perceba que esta indústria é um exemplo de que no mundo de hoje não existem empregos para toda a vida.
Todos os assalariados (nos quais me incluo), não só os referidos no texto deste dirigente comunistas, têm de compreender que são fornecedores de um input produtivo (são eles a oferta) e que a empresa (a procura) terá liberdade de adquirir esse input onde ele é, por exemplo, mais barato e qualificado (ou tenha outra característica relevante para a eficiência e eficácia da empresa).Querer prender esse emprego a uma garantia vitalícia é uma barreira à entrada de outros fornecedores, ou seja, ao emprego de quem esteja desempregado ou pretenda mudar de emprego. Querer amarrar esse emprego, recorrendo ao patrocínio legislativo de governantes preocupados com a sua clientela política ou sensíveis aos argumentos proteccionistas e anti-globalistas, recorrendo a perturbações do fornecimento desse input, poderá potenciar a vontade da empresa de deslocalizar a produção para onde encontre fornecedores mais disponíveis. Essa é a realidade que deve ser compreendida.
Que acontecerá aos milhares de famílias cujos rendimentos dependem do fornecimento de trabalho à Autoeuropa e às empresas a ela ligadas se a empresa decidir não atribuir mais modelos à fábrica de Palmela? A responsabilidade individual de cada um, passa por planear as suas acções e enfrentar as consequências. Entre elas pode estar o desemprego.
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