Lá vamos nós outra vez
A discussão sobre o Liberalismo de volta aos blogues e desde que não azede (como é costume), devia andar sempre por aqui. O assunto anda regularmente à volta do mesmo: alguns pretensos liberais “são liberal-estalinistas” , prestam mau serviço e afastam os potenciais interessados na coisa, outros são “liberal-pragmáticos” - avessos aos primeiros, outros ainda andam confusos e não fosse o livrinho vermelho (aqui no Insurgente é azul e é um “calhamaço”) lido ao espelho, as poucas sinapses que lhes restam dariam para pouco mais que levar uma colher à boca. Enfim.
Pela minha parte distingo duas coisas:###
1 A discussão das ideias Liberais no plano abstracto, enquanto doutrina
2 A sua adequação à realidade de hoje
No primeiro caso, é impossível haver cedências ou compromissos. O Liberalismo, a ser aceite, não pode sê-lo com base em meias verdades, na demagogia e na mentira. É nesta discussão que entram os autores dos livrinhos vermelhos, amarelos, verdes e azuis. Porque não é uma ideia nova, não foi inventada pelos blogues e não tem um proprietário. É uma doutrina aberta, é certo, mas tem fundamentos (bem explicados pelo Rui Albuquerque, por ex.) e princípios de que não se pode abdicar. Já foi reconhecido por quem sabe mais disto do que eu, que é necessário convencer não as massas, mas os intelectuais, porque para os liberais, as ideias têm consequências e quem as difunde são os intelectuais. Ora parece-me decorrer da definição que um intelectual é curioso, quer saber. Investiga e aceita ou não. Não serão por isso os liberais dos blogues que os irão afastar das ideias. Ou então são intelectuais de café, doutrinados nos telejornais e nas colunas de opinião.
Distinta é a aplicação do Liberalismo à realidade. Ao contrário de todas as outras doutrinas, o Liberalismo não quer adequar a realidade à ideia, mas sim o contrário. Por isso é aberta e evolui sem esforço. Neste caso há espaço apenas para o possível e nenhum “liberal-estalinista” o ignora. Sabe é que todos os dias esse possível é ampliado ou reduzido. Aliás como disse o (inserir aqui o género de liberal) Jean-François Revel, os factos são reaccionários.
por Helder Ferreira @ 1/27/2006 03:32:00 da tarde
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