4.1.06

Aqui começa Portugal

A decisão de construir o CCB foi tomada em 1988, e a obra foi pensada para acolher a presidência portuguesa da então CEE, em 1992.

De um custo estimado inicialmente em 35 milhões de euros, a obra acabou por custar quase 200 milhões de euros.

Um inquérito parlamentar às obras acabou por terminar "inconclusivo" em 1991.

Apesar das polémicas à volta da obra e das dificuldades de financiamento iniciais, o Centro acabou por se impor no panorama cultural português, acolhendo regularmente iniciativas como a Festa da Música e a exposição World Press Photo.
E agora vai receber a colecção Berardo. Comentários do presidente do CCB, demitido pela ministra da Cultura:
Fraústo da Silva gostava mesmo que a ministra lhe explicasse como geriria uma casa que tem de gerar diariamente 26 mil euros para sobreviver sem défices.

(...)

«Estabelecer aqui a Colecção Berardo vai contra os próprios estatutos da casa, que exigem uma programação diversificada e de alta qualidade e não uma colecção permanente», justifica. «Para apresentarmos a Colecção Berardo não poderíamos fazer mais nada. Seria incomportável», adianta. Mas as razões de Fraústo da Silva não se ficam por aqui. O presidente da administração do CCB garante que «o público não gosta, nem quer ver» o acervo de arte contemporânea de Berardo. «Tivemos aqui uma exposição com peças da Colecção durante nove meses e só a visitaram pouco mais de sete mil pessoas, enquanto que o World Press Photo, em três semanas recebeu mais de 23 mil visitantes».
Ora, 23 mil a dividir por três semanas (21 dias) equivale a uma média de 1.095 espectadores por dia. Mesmo que cada visitante pague 5 euros por bilhete isso apenas resulta numa facturação diária de 5.475 euros, longe dos 26 mil euros necessários para balançar o orçamento do CCB.

Ainda, note-se que não é todos os dias que o CCB apresenta exposições com o êxito do World Press Photo. Quem paga então o défice? Os mirandelenses, por exemplo...