4.1.06

Leitura recomendada

Os pipelines são “linhas de poder” e a dependência energética tende a transferir poder político para os fornecedores. Vladimir Putin, que reconstruiu e centralizou no Kremlin o poder autocrático da antiga URSS, está perfeitamente consciente da importância política do pipeline báltico e do potencial de pressão sobre a União Europeia que ele representa. Putin tem como objectivo geopolítico a reconstituição da “esfera de influência russa” no centro da Eurásia. Se o gás natural russo que abastece os países da UE deixar de ser transportado ao longo dos pipelines actuais, isso dará ao Kremlin uma alavanca de poder político importante e pouco tranquilizadora sobre países como a Ucrânia, a Roménia e até a Polónia.

Portugal e outros países da União Europeia não podem ignorar as profundas implicações geopolíticas destes desenvolvimentos.(...)

Há uma alternativa imediatamente disponível que pode e deve diminuir a dependência energética da UE: a energia nuclear. É vital que os governos ocidentais invertam a tendência de desactivação das centrais nucleares e compreendam que têm de enfrentar a campanha “anti-nuclear” dos ambientalistas. Essa campanha dificulta uma avaliação racional dos custos e benefícios da opção nuclear, incluindo estimativas adequadas do risco político das alternativas.

Os fundamentalistas do “nuclear não!” são a descendência eco-ideológica daqueles que na década de 70 viam nos mísseis nucleares americanos a maior ameaça à paz. Trinta anos depois, não é de esperar que tenham maior clarividência política. Nem razão.