15.12.05

Sida, preservativos e externalidades

A decisão sobre o uso do preservativo é uma decisão feita num ambiente de incerteza. A escolha depende basicamente da avaliação dos custos financeiro e hedonista face ao benefício duma menor probabilidade de adquirir o HIV. Sempre que alguém usa um preservativo diminui a probabilidade sua ou do seu parceiro de contágio. Mas não só. Diminui também a probabilidade de contágio de futuros parceiros de ambos. E dos parceiros desses parceiros.

Este efeito “bola de neve” significa que existe uma “externalidade” positiva para futuros parceiros. A forma de corrigir esta “falha de mercado” é subsidiar a actividade que a gera. Tal como se justifica subsidiar os atletas que representam um país – pelos benefícios auferidos por terceiros – também se justifica o subsídio aos preservativos. Estes devem ter um preço quase simbólico, ainda que não nulo, de forma a evitar o desperdício.
E as externalidades negativas de semelhante subsídio? Porque devem, por exemplo, os casais monógamos pagar pelas "orgias"(!) sexuais de outros?

Aliás, considerando a elevada “assimetria informacional” referida no artigo, actuais parceiros sexuais podem assumir que, em passadas relações, a outra parte usou sempre o preservativo subsidiado.

Adenda: Tiago Mendes faz um resumo dos comentários ao seu artigo.