5.12.05

A questão dos crucifixos no DN de hoje

"...Este laicismo - que se distingue de uma saudável laicidade do Estado - está errado por duas razões.

Primeiro, porque os símbolos católicos têm em Portugal uma dimensão histórica, sociológica e cultural inegável...

Depois, é antidemocrático o laicismo que não tolera qualquer sinal religioso no espaço público...sob a capa da neutralidade não se pode impor a todos, na prática, uma determinada concepção da vida e dos valores.
João César das Neves:

Laicidade...nada tem a ver com laicismo.

A primeira afirma a imparcialidade pública perante as religiões. O segundo, pelo contrário, constitui uma posição religiosa específica. [...o ateísmo é apenas a crença de que Deus não existe. A recusa da divindade é uma fé...]

...Laicidade não é recusa de Deus e ausência de religião, mas liberdade de religião.

Deus está na escola, tal como a cultura está na escola, a política, a arte, o futebol e a amizade estão na escola.

O que os poderes públicos devem garantir é a autonomia para cada escola fazer o que os seus professores, pais e alunos decidam. É isso a neutralidade.

O facto de a escola ser pública apenas indica que é paga pelos impostos de todos. Como os contribuintes são, na sua esmagadora maioria, cristãos, tal como os professores e alunos, é normal que haja crucifixos nas salas de aulas. Mas também pode ser normal, se a escola quiser, que ele esteja ausente ou seja substituído por outros símbolos adequados à comunidade escolar.

...Num país livre pode ser-se ateu ou religioso. Mas, em nome da liberdade, os laicistas arrogam-se o direito de obrigar as escolas a seguir os seus gostos e irritações pessoais...