Patético
(corrigido)
No Diario Economico - Retalhistas chegam a aumentar em 70% o preço de frutas e legumes
Na TSF
No Publico
Foi dada pouca importância a esta notícia, que é mais um exemplo da ligeireza e idiotice da generalidade do meios de comunicação.
Mesmo no Diário Económico, que tinha obrigação de fazer melhor é a completa confusão. Utilizo a notícia deste jornal por ser o mais fiável. Diz-se:os retalhistas chegam a aumentar em 70% o preço das frutas e legumes
###Neste caso fica-se com a ideia que o retalhista compra ao produtor (outro assunto ainda) por 10 Eur (+IVA) e vende por 17 Eur (IVA incluído). Assim, ao preço final há que deduzir 12% do imposto resultando uma margem bruta de comercialização (sobre o preço de venda) de 30%. Ridículo, se considerarmos que frutas e legumes são produtos perecíveis e que nunca se consegue vender 100% do que se comprou. Considerando ainda despesas, impostos, etc, esta margem é o suficiente para qualquer pequeno retalhista falir ao fim de três meses.
Diz-se na mesma noticia:o patamar entre o produtor e o consumidor era responsável pela formação de 70% do valor do produto
Parece mais plausível. Assim, o retalhista compraria a 10Eur (+IVA) para vender a 33,34Eur (IVA incluído). Deduzindo o IVA (3,56Eur), resulta uma margem bruta de comercialização de 58%. Esta margem bruta de comercialização num quilo de maçãs não é nada de outro Mundo. Considerando ainda que o pequeno retalhista compra a intermediários (que também detêm uma margem), em que ficamos?
O que resta é a indignação de Maria Antónia Figueiredo que é livre de não comprar frutas ou legumes na mercearia ou no hipermercado e ir directo ao produtor. Aliás, nada impede ninguém de o fazer se achar que os intermediários praticam margens excessivas. Pelo tom indignado e panfletário das notícias e da dita senhora (ouvi-a na Rádio Bagdad hoje de manhã), a melhor solução seria abrir uma mercearia, porque aparentemente é um negócio com lucros astronómicos e de enriquecimento fácil. O caso dos hipermercados é completamente diferente, até porque o modelo de negocio não é baseado nas margens, mas, entre outras coisas, na rotação do produto e mereceriam um estudo separado. Metê-los no mesmo saco que as mercearias ou outros retalhistas é no minimo falta de honestidade.
P.S. Só por curiosidade, o que faz o estado para receber 12% do valor de todas as maçãs vendidas?
P.S. II Os retalhistas e intermediários não recebem subsídios porque chove muito ou porque chove pouco e ainda pagam o PEC.
por Helder Ferreira @ 12/28/2005 10:21:00 da tarde
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