Mundo Moderno

Começaram os debates presidenciais. Alegre e Cavaco foram falando sozinhos. Soares falou para os comunistas, que certamente preferiram ouvir Jerónimo, provavelmente como muitos outros. Louçã falou para o seu ego, fazendo um favor a Cavaco. Nas acções de campanha, Jerónimo disse algo que é raro ouvir num político. A competência é um factor secundário. Muito mais importante são as opções políticas. Jerónimo tem toda a razão. O problema está, precisamente, nas suas opções políticas. O Primeiro-Ministro afirmou que os empresários deveriam apostar nas exportações. Não mostrando vontade de eliminar os factores que impedem que os produtos que eles possam eventualmente querer exportar possam ser competitivos. O Procurador-Geral da República admite ter havido erros nas investigações do "caso Casa Pia". Extraordinariamente, di-lo como se não tivesse qualquer responsabilidade no assunto. Jorge Sampaio vai falando todos os dias, para confirmar que existe. Já não se pode sonhar. E enquanto por cá nos preocupamos com as presidenciais, na Venezuela, Hugo Chavez e "sus muchachos" conquistaram todos os lugares no parlamento venezuelano. Provocando festejos no seio da intelectualidade europeia como não se viam desde os brilhantes resultados obtidos em eleições igualmente democráticas por Kim-Jong-Il. Em Israel, ocorreu mais um atentado. O facto não comoveu as boas consciências, preocupadas com as prisões secretas da CIA. As prisões secretas da CIA, e claro, o "rebate" inglês. Já a PAC, responsável pelo empobrecimento de inúmeros africanos (que só pesam nas boas consciências quando estas sentem o cheiro do "capitalismo selvagem") e por obrigar os consumidores europeus a consumir produtos mais caros, não os preocupa.