4.12.05

Laicismo e liberdade de educação

Vamos tentar explicar tudo outra vez: Portugal não tem religião oficial. Se os cristãos querem crucifixos nas salas de aula e a sua religião nas escolas têm todo o direito. Criam e pagam os seus próprios estabelecimentos de ensino.

Passe o habitual pedantismo do cronista bloquista, Daniel Oliveira até teria razão se os cristãos não tivessem de pagar também os estabelecimentos de ensino estatais onde, segundo o pensamento politicamente correcto, deverá imperar o laicismo estabelecido centralizadamente pelo Ministério da Educação.

Se todos têm de pagar os estabelecimentos de ensino estatais, por que razão deverão as preferências laicistas prevalecer de forma obrigatória em todas essas escolas?

Seguindo a lógica do cronista bloquista seria caso para contrapôr: se os laicistas radicais querem salas de aula sem crucifixos e a sua religião secular nas escolas têm todo o direito. Criam e pagam os seus próprios estabelecimentos de ensino. A menos que os cristãos sejam cidadãos de segunda ou a alergia dos iluminados laicistas às cruzes seja de tal modo grave que configure um problema de saúde pública...

Parece-me apropriado recordar o que escrevi no post Laicismo, anti-catolicismo e liberdade de educação:

[A] prioridade deve ser separar o mais possível Estado e educação, diminuindo dessa forma a esfera da intervenção governamental no ensino. Mais do que lutar pelo controlo da escola pública (um combate onde os socialistas por definição terão sempre vantagem), importa defender a possibilidade de, em igualdade de condições, exercer o direito à liberdade de educação fora da escola pública.