O idealismo feliz
O Filipe Moura respondeu às hipotéticas propostas por mim apresentadas. O Filipe chama-me idealista. Assim seja. Ficamos quites, depois eu o ter definido como um bom homem quando escreveu um nostálgico artigo logo após a morte de Álvaro Cunhal.
Existe, de qualquer forma, um pormenor engraçado quando o Filipe me toma por idealista. Di-lo, com certeza, por entender que a ditas propostas são impossíveis. Mas, vejamos bem (e agora é o meu entendimento e não o do Filipe). Elas não serão impossíveis, por serem más, incongruentes ou até negativas. Pelo contrário, muitos as entenderão como impossíveis pela sua susceptibilidade de pôr o país em polvorosa. Na verdade, muitos as rejeitam por colocarem em causa os seus interesses e benefícios. Por essa razão as qualifiquei de difíceis. Impossível será continuarmos a viver como até aqui. Idealista é considerar que, com êxito, um Estado subsidia a agricultura, a economia, a construção, o emprego, o ensino e a cultura e não tem capacidade para, cumprindo um dos seus deveres fundamentais, garantir aos cidadãos um sistema judicial capaz. O Filipe talvez não saiba, mas muitos são os advogados que avisam os seus clientes da dificuldade que é ir para Tribunal. O Filipe talvez não saiba, mas deve compreender, o risco social que isto representa. O Filipe talvez não saiba, mas a quem lê estas linhas já lhe ter passado pela cabeça: Como é possível que tudo ainda funcione? Como é possível que o caldo ainda não se tenha entornado de modo definitivo?
por André Abrantes Amaral @ 10/17/2005 02:07:00 da tarde
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