Muita água pode correr debaixo da ponte
A presente pré-campanha das eleições presidenciais pode vir a conduzir a muitas mudanças no nosso espectro partidário. O Partido Socialista divide-se entre o apoio a Soares e Alegre, mas na prática, uma grande parte dele suspira secretamente por Cavaco. O PS tem na realidade dois lados: Um mais socialista, esquerdista, que está com Alegre (e Soares) e outro, mais social-democrata que gostaria de ver Guterres na corrida, mas espera a vitória de Cavaco Silva.
Além do PS, existem ainda, naturalmente, o PSD e o CDS. Com o ex-primeiro-ministro na presidência, o PSD poderá passar a ser, não necessariamente liberal, mas a deixar de ser social-democrata. Se o fará sozinho ou juntamente com o CDS, dependerá muito de este pequeno partido se assumir como sendo da sociedade civil, ou se deixar ir no autismo que o tem caracterizado.
Cavaco presidente pode forçar à reformulação estratégica dos partidos. Conduzir à cisão do PS e do PSD e suas posteriores ligações ao BE (à esquerda) e ao CDS (à direita). Passaríamos a ter partidos verdadeiramente europeus, claramente definidos e não a amálgama que são hoje.
Um regime que não se queira arriscar a uma revolução (como quase sempre sucedeu em Portugal) precisa de se renovar constantemente. Muita água pode correr debaixo da ponte e nem tudo se vai manter como está. Basicamente todas as possibilidades estão em aberto e nada, absolutamente nada, deve ser descartado.
por André Abrantes Amaral @ 10/27/2005 01:46:00 da tarde
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