(ainda) O rescaldo das autárquicas e o PSD
José Pacheco Pereiro transcreve hoje no Abrupto um artigo sobre as eleições autárquicas ("ALGUMAS NOTAS PÓS-AUTÁRQUICAS").
Concordo genericamente com o que conclui sobre o PSD. Queria, no entanto, fazer alguns reparos.
1. Quanto à "credibilização do PSD" (ponto 2) levada a cabo por Marques Mendes (que - embora sem o nomear - atribui a liderança de Santana Lopes) queria notar que muitos dos apoiantes do actual líder também o foram da liderança anterior. Recordo que Santana Lopes foi eleito, pelo Conselho Nacional, para Presidente do PSD por uma maioria inequivoca. Não existiriam, nessa altura, outras candidaturas bem mais crediveis? O resultado da votação parece indicar que a sua nomeação não foi muito constestada (98 votos a favor e apenas 3 contra). Não me recordo de nenhum mea culpa proferido por qualquer dos membros do Conselho Nacional.
2. Não concordo que Marques Mendes se tenha, de forma inequivoca, colocado ao lado das reformas do governo do PS. Em muitos casos o PSD têm-se colocado à esquerda do PS. Esperemos que, de futuro, estes lapsos demagógicos sejam mesmo (como diz JPP) "mais a excepção do que a regra". Eu, aliás, dispensava de todo as "excepções".
3. JPP elogia o PSD por ter "exclui[do] qualquer leitura nacional dos resultados autárquicos" (ponto 3). No entanto o próprio JPP não se coibe de a fazer ("PS"). Presumo que JPP não ache inadmissível a extrapolação dos resultados e esteja a elogiar a táctica utilizada.
4. Concordo que "Os eleitores são, no acto de votar, tão politicamente responsáveis como aqueles que elegem". Não podem, também, alegar ignorância sobre os processos que são movidos contra os chamados "candidatos-bandidos". O seu voto foi consciente e democrático. Devemos respeitar os resultados da eleições e deixar que os processos judiciais sigam o seu curso. De preferência de forma mais célere.
5. Para terminar, gostava de saber a opinião de JPP acerca da intêncão anunciada, pelo PS, PSD e CDS, de alteraram as leis eleitorais por forma a "mudar as regras para apresentar candidaturas independentes às câmaras, por forma a tornar mais exigentes os critérios de elegibilidade dos grupos de cidadãos". Parece-me, claramente, um caso em que as regras são alteradas por não se gostar do resultado do jogo.
por Miguel Noronha @ 10/14/2005 11:18:00 da manhã
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