Carta de Belmiro ao Expresso
A respeito do destaque de primeira página do Expresso de 27 de Agosto, o empresário Belmiro de Azevedo escreveu a este órgão de comunicação social uma carta que, julgo, ser importante aqui transcrever:Foi com verdadeira surpresa e estupfecção que tive conhecimento, já no domingo, por ter para isso sido alertado telefonicamente, da publicação de uma notícia com o título «Belmiro apoia Cavaco» na edição do EXPRESSO de 27-8-05.
Nota: alguém tem conhecimento de trabalhos/teses/livros que abordem o uso de notícias especulativas com o fim de aumentar audiências?
Indo directamente ao assunto, direi que a notícia não tem qualquer fundamento e não tenho a mínima ideia de qual terá sido a fonte de entre «sociais-democratas e de elementos próximos de Cavaco».###
Uma jornalista do EXPRESSO fez na passada quinta-feira, com insistência no dia seguinte, uma ou duas perguntas com carácter mais ou menos especulativo, às quais não respondi, tendo a minha colaboradora Cristina Carneiro dado a resposta habitual - não responder a perguntas com prazo curto para resposta e muito menos quando se trata de alimentar especulações de natureza política ou económica, que não podem ser tratados com leviandade ou ligeireza.
Vários jornais e canais de televisão fizeram ressonância do conteúdo da vossa notícia. Também os «bloguistas» me escrevem, assumindo que se trata de uma verdade, por eu não haver desmentido a notícia.
Em face disto, é meu entendimento que só o EXPRESSO pode, com relevo semelhante, pedir desculpa aos seus leitores por ter publicado uma notícia totalmente não fundamentada.
Permito-me acrescentar que o EXPRESSO estava e está particularmente bem informado, por foi na vossa edição de dia 7-3-85 (há mais de vinte anos) que ficou registado a única vez em que eu decidi tornar pública a minha intenção de voto, na altura a favor do dr. Mário Soares, por razões então muito bem detalhadas, nomeadamente o apreço pela sua actividade política anterior, num período de grande confrontação política e partidária.
O momento actual é muito diferente - vivemos sim num regime de luta política e partidária, mas num quadro normal de afrontamento democrático.
Não vejo, pois, qualquer razão para voltar a fazer uma excepção, sobretudo antes de serem conhecidas as decisões definitivas dos candidatos a candidatos.
No momento estou a preparar-me para exercer o meu voto. Comecei a ler a 6ª revisão anotada (J.J. Almeida Lopes) da Constituição da República Portuguesa, com o objectivo de conhecer, com mais profundidade, os poderes do Presidente que vier a ser eleito, o que me ajudará a, como cidadão, votar no dia das eleições.
Como dirigente de um grupo empresarial de grande dimensão em Portugal e no mundo, e após estudar os programas de cada candidato e o potencial impacto no crescimento e competitividade do país, bem como a coerência e consistência das suas ideias ao longo dos últimos 20 anos, poderei então decidir tornar pública a minha posição, isto é, a minha opinião sobre o que será melhor para a economia e para a sociedade portuguesa.
A sociedade não funciona bem sem uma economia de sucesso e as empresas (pequenas, médias e grandes) não funcionam sem uma sociedade coesa e crescentemente mais rica.
É responsabilidade das instituições políticas - Governo, Assembleia da República, Presidente da República - e dos Tribunais gerir harmoniosamente interesses que, com frequência, obrigam a opções.
Fico grato por dar este esclarecimento aos leitores, já que não tenho qualquer intenção de responder aos artigos e perguntas de outros órgãos de comunicação social, provocados pela reverberação do vosso infeliz artigo.
por BrainstormZ @ 9/04/2005 09:38:00 da manhã
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