17.8.05

Re: Investimentos públicos

Na variegada composição da LCGIPI-OTGV (Liga contra os Grandes Investimentos Públicos em Infra-estruturas, vulgo Ota e TGV) entram muitos dos que se rebelaram contra as medidas de redução das despesas públicas correntes (suspensão das subidas automáticas de remunerações e dos regimes especiais, revisão da idade e regime de aposentação, etc.). "Se não há dinheiro para mim, não pode haver para mais nada"!
Nestes não pode incluir, certamente, os insurgentes!

Enviesamento histórico:
Na generalidade dos países, sem excluir os mais liberais em matéria económica, a história do desenvolvimento económico é em grande parte a história das iniciativas e do investimento público, sobretudo em infra-estruturas.
Pura demagogia. Seguindo semelhante linha de raciocínio a União Soviética seria hoje o país com maior desenvolvimento económico.

Revisionismo:
Os mais coerentes opositores dos investimentos públicos em infra-estruturas não são os neoliberais, que são assaz selectivos nos investimentos a que se opõem, mas sim os tradicionalistas mais radicais, para quem o Marquês de Pombal, Fontes Pereira de Melo e outros quejandos figuram entre os principais responsáveis pela destruição do Portugal de antanho. Pela sua lógica, Portugal continuaria a viajar de carroça, por essas veredas fora...
Carroça? Pois com certeza caro VM, foi o Estado que inventou o motor de combustão e, claro, a roda!!!

E, finalmente, uma citação:
«Dizem-me que terei de desembolsar 1500 euros para suportar o TGV Lisboa-Madrid e Lisboa-Porto, para além do novo Aeroporto da Ota. Mas, até hoje, ainda não vi quem quer que fosse afirmar o quanto cada cidadão português deveria pagar em 2015, caso qualquer destes projectos não se materializasse».
(Manuel Margarido Tião, "Ota e TGV, o Estudo que Falta Fazer", Público de ontem)
O senhor Tião devia ter maior cuidado com o que escreve. O 1.500 euros respeitam apenas à construção da linha do TGV. Não abrange a sua manutenção ou a construção do aeroporto da Ota. Ainda, um estudo que conclua sobre a inviabilidade económica dos referidos projectos está, desde logo, a considerar os custos/benefícios da sua não "materialização".