Radicais e moderados, utópicos e realistas
Artigo de Luciano Amaral no DNExiste correntemente na linguagem política em Portugal (e na Europa também, na verdade) uma peculiar imprecisão de termos. Palavras como "liberal", "conservador", "socialista" ou "social-democrata" deixaram de ter sentido claro. Em parte, está bem assim. Os grandes conceitos políticos têm e devem ter certa maleabilidade, não havendo uma "via única" para o "liberalismo" ou a "social-democracia". Mas mesmo descontando esta maleabilidade, a imprecisão parece ter sido levada hoje a um ponto que vai para além do aconselhável. O estado do vocabulário político lembra um pouco o dos tempos finais da URSS, em que eram apresentados como "conservadores" aqueles apostados na sobrevivência e aprofundamento do "comunismo" e como "revolucionários" os que pretendiam uma transformação "capitalista".
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Numa idade democrática, o liberalismo é o único refúgio dos verdadeiros conservadores, sendo também ele que garante a ordem política mais "moderada" e "realista" que é passível de combinação com a democracia. "Radical" e "utópico" é o estado de coisas em que vivemos, cuja funcionalidade, precisamente por isso, não poderá sobreviver por muito mais tempo.
por Miguel Noronha @ 7/21/2005 12:51:00 da tarde
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