O sistema eleitoral britânico
O Filipe não gosta do sistema eleitoral britânico. Basicamente a sua crítica (como a maioria das críticas) baseia-se na ideia de inexistência de representatividade dos eleitores. Mas será mesmo assim? Creio que não. A visão dos críticos, como o Filipe, peca por ser bastante simplista.
É preciso ter em conta que todos os membros da Casa dos Comuns são, nos seus círculos uninominais, directamente eleitos. Digo directamente eleitos, no sentido que cada voto é para cada um dos diversos candidatos e não para uma salganhada deles. O mesmo não sucede no nosso conhecido sistema de representação proporcional, onde a maioria dos deputados são escolhidos pelos dirigentes partidários, razão pela qual nunca elegemos um Parlamento, mas um governo. O resultado é uma Assembleia da República com um poder totalmente nulo e inexistente. Apenas aprova o que o Governo apresenta e chumba o que a oposição sugere, sempre no sentido das directivas vindas do poder executivo.
No sistema britânico pode suceder que um partido com 27% dos votos expressos eleja apenas 10% dos deputados. Mas também é verdade que cada um daqueles deputados tem legitimidade eleitoral própria e não dependente da escolha (tantas vezes fruto de mera negociata política) dos seus dirigentes de partido.
Esta é uma das razões pelo qual entendo ser a democracia inglesa mais pura que a nossa e a concluir, roubando a ideia ao Filipe, como seria bom se Deus nos desse um sistema eleitoral assim.
por André Abrantes Amaral @ 5/06/2005 01:14:00 da tarde
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