Que rumo para o CDS?
Ontem escrevi que, caso CDS se queira apresentar como um partido útil deveria abandonar a democracia-cristã e tentar fazer a ponte entre liberais e conservadores. Estas duas últimas famílias políticas são bastante diferentes, é verdade, e a democracia-cristã até poderia estar incluída entre os conservadores. Sucede que, enquanto os liberais e os conservadores desconfiam do Estado, os democratas-cristãos (pelos menos em Portugal) caíram no erro de acreditar nele como parte essencial da vida em sociedade. O CDS democrata-cristão tem inúmeras preocupações sociais, mas ao contrário da génese democrata-cristã (por receio de ser mal interpretado e acusado de defender interesses corporativos) aquele partido acabou por dar ao Estado um papel essencial na resolução dos problemas sociais, ao invés de apostar nas instituições civis que tantas vezes têm maior eficácia com a aplicação de meios bem menores que os utilizados pelo poder central.
Esta foi um das oportunidades perdidas e quando o centro político (manifestamente de esquerda) se queixa da enorme concentração de poder em Lisboa, o CDS não está apto para defender qualquer solução alternativa, acabando por se sustentar apenas na unidade do Estado-Nação. O que não serve, pois, não novidade, não é apelativo e faz cair sobre ele a sombra de tempos que ninguém mais quer viver.
por André Abrantes Amaral @ 4/29/2005 11:52:00 da manhã
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