Porque não deve existir televisão pública?
Já mencionei aqui a necessidade de a direita fazer política, de largar os argumentos meramente económicos e entrar no diálogo das ideias e da fundamentação política das suas posições. Este ‘post’ do José Mário Silva é paradigmático e serve de ponto de partida. Muito simplesmente o José Mário desgosta-se com o facto de a RTP (estação pública) ter dado tanta ênfase à morte do Papa. Diz o José Mário que a RTP é de todos, o Estado é laico e, naturalmente, deveria tratar aquele assunto da mesma forma que qualquer outro. Presumo que o José Mário pretendesse que a RTP tivesse tratado o evento da mesma forma que uma estação de televisão cobre a morte de um qualquer chefe de Estado estrangeiro.
Ora, é precisamente aqui que está, a meu ver, o ponto. Eu não sou a favor da existência de um canal público de televisão. O José Mário é. Mas, ao ser a favor, o José Mário reconhece que existirão sempre problemas de quem nele não se reveja e acha fundamental, e possível, chegar a um consenso. O José Mário incomodou-se com a informação e as reportagens vindas diariamente do Vaticano e lembrou-se que, nem sempre, o conteúdo dos canais públicos o agrada. Bem vindo ao mundo real. Eu também pago a RTP e sempre que a vejo (qualquer dos dois canais – principalmente o 2 que não tem nada que me interesse) os seus conteúdos me desagradam. Mais. Para evitar esse desagrado, já não vejo a TV pública. É necessário dizer o seguinte: O conceito de televisão pública é mau, não apenas por ser caro aos contribuintes, mas por ser injusto. Não representa todos os cidadãos, mas a todos é imposto. O José Mário, na semana passada, não se reviu na RTP. Esquece-se que, todos os dias, há milhares de portugueses que sentem o mesmo. É pena que apenas agora o tenha reparado.
por André Abrantes Amaral @ 4/11/2005 11:35:00 da manhã
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