A mentira deficitária
O Telegraph fez eco das afirmações de José Sócrates, em que este admitia a existência de um deficit das contas públicas à volta de 6%, contrariando as contas já apresentadas.
Reconhecendo-lhe a honestidade, não deixo de criticar o caminho que a sua governação quer adoptar, onde nada será feito para contrariar este deficit pelo lado da despesa. O governo, que aposta cada vez mais no seu papel de redistribuidor de riqueza, tirará aos que apesar de tudo ainda têm trabalho e rendimentos ou conseguem criar emprego e ainda são honestos o suficiente para pagar impostos. Acredita-se que mediante a rigidez da estrutura da despesa pública será possível divergir fundos que suportem os programas de gastos estatais sem que seja necessário aumentar impostos ou emitir mais dívida pública (impostos futuros, com prémios de risco a subir)?
O governo parece satisfeito pelo novo PEC lhe permitir maior largueza de custos e aproveita para dizer que as promessas/objectivos que apresentou aos portugueses são investimentos, não são gastos. O seu pagamento virá de uma base tributária maior, resultado do crescimento gerado por esses gastos. O que está por detrás disto é a ideia que o estado e o seus governantes sabem gerir a riqueza criada pelos privados melhor que estes e por isso lha retiram (como impostos) e usam a extraordinária visão estratégica dos ministros para a aplicar.
Todos esperamos (eu, assalariado que sou, e as empresas que empregam tipos como eu) que o investimento cresça, que se criem mais empregos e que os salários reais subam. Mas se isso acontecer será apesar da política orçamental do governo (e dos seus antecessores) e não por sua causa.
por LA @ 4/18/2005 04:11:00 da tarde
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