A fauna da esquerda bloquista
Este fim de semana li o artigo do Daniel Oliveira no jornal Expresso sobre a nova revista Atlântico. Não me cabe fazer aqui uma defesa da dita publicação, mas chamar a atenção para alguns pormenores que, polvilhando, o texto do Daniel, dizem muito sobre a estagnação da esquerda.
O escrito começa com aquilo a que só posso denominar de verdadeira lata, quando o Daniel classifica a revista de “um exercício (...) da mesma lengalenga do costume”. Para quem, caiu na armadilha do marxismo, ouve, bebe e segue o pensamento de senhores como Louçã, Rosas e Fazenda, é caso para dizer que quem tem telhados de vidro nunca deveria atirar pedras. Mas adiante. O Daniel, não consegue falar da direita, sem lembrar a ditadura. Diz ele que “A direita portuguesa, não tinha, ao seu dispor, desde a ressaca da ditadura, intelectuais.”
O Daniel expressa-se ao melhor estilo da escola estalinista deixando cair algumas expressões e mal entendidos. Veja-se como liga de forma ténue e subtil a direita actual com a extrema direita salazarista. Já o fez de forma mais feroz e directa, agora parece optar por outro caminho. No fundo, o mais fácil, aquele que não requer ler e perceber o que a direita diz. A direita, que o Daniel despreza, viu-se obrigada a dissecar Marx, Lenine, Kautsky e teve esperanças no pouco de bom senso trazido por Bernstein. O Daniel não. O Daniel limita-se a ser mordaz, cínico, arrogante quanto baste. Não existe o aprofundar de uma ideia, de uma crítica minimamente capaz que nos faça pensar um pouco. Com esta esquerda não há debate, mas o receber de uma série de insultos menores de quem escreve para se rir, de preferência à gargalhada.
por André Abrantes Amaral @ 4/05/2005 11:57:00 da manhã
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