Voltar a Cavaco?
Tem sido muito discutida, na blogosfera, a necessidade de uma profunda reforma da direita. A grande maioria parece concluir que está chegada a hora para se começarem a defender, nos partidos, políticas liberais. Mas se olharmos à nossa volta o cenário é muito pouco animador. O FCG lembrou aqui que existe um entrave chamado Constituição. O Rui Albuquerque chamou a atenção para o que representa a candidatura de Marques Mendes. Se observarmos o que se passa no CDS (onde ninguém usa candidatar-se) concluímos que o futuro é negro. Há quem acalente a esperança que (eu acredito que possa vir a acontecer, mas não a vejo com bons olhos), com Cavaco na presidência, à mínima instabilidade, a Assembleia será dissolvida e os partidos de direita poderão regressar. Ora, esta expectativa tem três contras. Primeiro, Cavaco não dissolve sabendo que a direita não é alternativa. Segundo, é uma magra consolação se um PSD social-democrata voltar ao poder. Terceiro, tenho dificuldades em aceitar que Cavaco dissolva um parlamento com maioria socialista, correndo o risco de assistir à vitória de um partido liberal.
Na minha opinião, ainda vamos ter todos de esperar. Quando Reagan chegou à presidência, fê-lo depois de muitos anos de combate ideológico na sociedade americana. O mesmo poderemos dizer quanto a Thatcher, no Reino Unido. Ambos surpreenderam e revolucionaram. É certo. Mas, nos dois casos, a sociedade estava à espera deles e, embora atordoada, aceitou-os. Se só hoje nos começámos a mentalizar da necessidade em mudar profundamente, só daqui a algum tempo estaremos aptos a colher os frutos. Vai ser preciso paciência.
por André Abrantes Amaral @ 3/04/2005 09:55:00 da manhã
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