A servidão fiscal
Na sequência deste 'post' do Miguel sobre as supostas cedências que temos de fazer ao Estado na esfera da privacidade para melhorar a eficiência fiscal deste, suponhamos a seguinte situação, bastante verosímil e, acredito, familiar a muitos que possam ler estas linhas.
Suponhamos um casal novo. Na casa dos 30. Ele trabalha, recebe cerca de 200 contos brutos, levando para casa, mensalmente 160 contos liquídos. Ela está desempregada. Por muito que se esforce não arranja emprego. Vivem em Lisboa, numa casa pequena (duas assoalhadas) pagando uma prestação de 120 contos mensais. Naturalmente o dinheiro não chega. Os pais de um dos dois, ou de ambos, ajudam dando-lhes, todos os meses, dinheiro, por exemplo 80 contos. Os rendimentos declarados são apenas 160. Vamos agora supor que os fiscais das finanças se dão conta da situação e não percebem como um casal que declara 160 contos mensais, consegue viver e pagar todas as contas. Naturalmente exigirão explicações. A questão será saber se as finanças acreditarão que os pais ajudam o nosso casal. Se terá de ser apresentada alguma prova. Se diz respeito ao Estado as relações familiares entre pai e filho. No dia em que algum de nós tiver de dizer a verdade ao Estado, que os pais ajudam a pagar as contas, estarão abertas as portas para a servidão. É por isso que eu acredito em Hayek e concordo com o Miguel.
por André Abrantes Amaral @ 3/17/2005 09:49:00 da manhã
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