A importância das velhas amarras
Não me custa a acreditar que Ana Gomes esteja genuinamente convencida das suas posições e até que escreva com a melhor das intenções mas confesso que textos como este me assustam um pouco.
Desde a clandestinidade do anterior "texto cifrado (às cruzinhas)" (ver aqui), até à descrição de Sónia Fertuzinhos (a bold no original) como "inteligente, progressista, competente, trabalhadora, dedicada ao Partido, tem invulgares e demonstradas qualidades de liderança e capacidade de iniciativa, bom-senso, experiência como deputada, sólida preparação académica, é jovem, mãe de filhos pequenos, sabe comunicar (e em várias línguas) - enfim, a "dream female young leader" que qualquer Partido socialista ou social-democrata por essa Europa fora se pelaria por exibir", sem esquecer as várias referências ao "Partido" (assim mesmo: com "P") tudo me parece ligeiramente (?) deslocado da moderação que seria de esperar de uma destacada figura de um partido social-democrata em 2005.
Na mesma linha me parecem vir as considerações de que um governo com apenas 12,5% de mulheres é uma "vergonha para Portugal e para o PS" e uma "ofensa para as mulheres portuguesas", por muito que eu me esforce por entender de que forma um governo com 18,7%, 34,9%, ou mesmo 62,3% de mulheres seria mais ou menos ofensivo fosse para quem fosse (e por favor não me interpretem mal: acho que há importantíssimas funções em que só uma proporção de 100% de mulheres é aceitável...).
Espero que a maioria absoluta de Sócrates sirva pelo menos para que nos consigamos agarrar a algumas velhas amarras e evitar a deriva total...
por André Azevedo Alves @ 3/11/2005 02:36:00 da manhã
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