A Guerra
(publicado também aqui)
No Abrupto, Pacheco Pereira escreve que "a guerra, mesmo que não o queiramos admitir, está em curso". Só não admite, só não vê, quem não o quer fazer. Os acontecimentos de hoje são prova disso. No Reino Unido, vinte e um suspeitos de terrorismo foram detidos, por alegadamente estarem prestes a levar a cabo uma tentativa de pirataria de doze aviões, que fariam explodir em pleno vôo, sobre o Atlântico e cidades americanas. Como dizia alguém no Sky News, a escolha não é inocente. Os aviões ou outros meios de transporte são escolhidos como alvo por duas razões: causam um elevado número de mortes, e provocam um enorme transtorno nos restantes cidadãos, ao dificultarem a sua mobilidade. As imagens dos areoportos britânicos são uma prova disso.
Segundo vários especialistas, a probabilidade deste golpe ter sido planeado pela al-Qaeda é grande, não só por ser semelhante a um realizado por essa organização nas Filipinas, mas pela dimensão que teria caso tivesse sido bem sucedido, só semelhante ao 11 de Setembro. Aqui, como dizia outro comentador ao Sky News, há razões para algum optimismo. A óbvia comparação com o 11 de Setembro leva a verificar que, se o primeiro foi bem sucedido, o mesmo não aconteceu agora, o que poderá indicar que os serviços de informação estão melhor preparados para enfrentar a ameaça terrorista.
No entanto, será necessária alguma prudência. No momento em que escrevo, a política britânica está ainda à procura de outros cinco suspeitos de ligação a esta tentativa de atentado. Nos EUA, o nível de alerta mantém-se elevado, tal como no próprio Reino Unido. Nada nos garante que, nos próximos dias, novas tentativas não sejam levadas a cabo. Para além do mais, o que hoje se passou não é um incidente isolado. Faz parte, como diz Pacheco Pereira, de uma guerra, uma guerra que continuará mesmo que a Inglaterra condene Israel, mesmo que os EUA abandonem o Iraque, tal como começou antes dos EUA invadirem o Afeganistão ou o Iraque. Por muito mal sucedida que esta tentativa tenha sido (até agora), por muito mal ou bem sucedidas que futuras tentativas venham a ser, elas existirão, elas irão ocorrer. Elas não acontecem por nós as provocarmos, mas porque os seus autores as querem levar a cabo.
A propósito, na última Spectator, Melanie Phillips avançava com a possibilidade do Hezbollah uma série de células adormecidas no Reino Unido, ou de um eventual ataque iraniano a Jerusálem nas próximas semanas. Qualquer destes casos, quer por acção directa do irão contra Israel, quer do Hezbollah ligado ao mesmo Irão, provocaria uma crise grave, à qual seria díficil escapar. Ao contrário do que a brigada da retirada quer fazer crer, a "escalada da violência", a "escalada do terror", não está nas nossas mãos. Infelizmente, estamos à mercê de quem a quiser provocar, a não ser que, como hoje, eles sejam impedidos de o tentar.
por Anónimo @ 8/10/2006 07:45:00 da tarde
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