19.6.06

iPod ou o difícil caminho para escapar à miséria socialista

Países como a China e a Rússia, entre outros, saídos do comunismo e da pobreza extrema, estão agora a trilhar, a uma grande velocidade, o caminho da industrialização, da produtividade e da economia de mercado. As condições de trabalho existentes na China são – hoje – em comparação com as nossas, e em alguns sectores da economia, péssimas; mas, ainda assim, bem melhores do que as que eram oferecidas pela organização social anterior, maoísta, rural, fortemente marcada pela produção agrícola e pela fome. As condições de vida têm melhorado numa boa parte da China de uma forma exponencial, à medida que esta se industrializa, que aumentam os níveis de produtividade, e cresce a riqueza do país.

Portugal deve olhar para a China e perceber que se nos esquecermos que as únicas defesas para o trabalho assentam na "produtividade" e no "conhecimento", e que a melhoria das condições depende irreversivelmente - bem ou mal - da nossa capacidade de produzir mais e melhores produtos e serviços, rapidamente voltaremos a ser “competitivos”, mas apenas como mão-de-obra intensiva, vocacionados para a pobreza: corremos o risco – real – de sermos novamente os elos mais fracos da cadeia de valor. Se não tivermos consciência da importância central destas duas ideias – "produtividade" e "conhecimento" – muitos portugueses dificilmente escaparão ao trabalho sem condições, à necessidade de embarcar em novas diásporas e à mera luta pela sobrevivência.