Condicionalismo moral e escolha II
Ressalva: esta discussão interessa a poucos, mas eu gosto.
Voltando ao post do JLP no Small Brother.
Considerar a razão (Razão?) como um conceito apriorístico e metafísico, não é mais que dizer que é inseparável da própria noção do humano e o único modo de explicação da realidade. Aquilo para que se caminha ou emerge seria melhor definido como racionalidade, que é coisa distinta.
Encarar a escolha apenas como uma questão utilitarista significa reduzir as pessoas à condição animal. Quando uma leoa persegue e ataca uma manada de zebras, fá-lo contra a direcção do vento por utilidade, para que as presas não a cheirem ou oiçam, facilitando a caça. Neste sentido, há uma quase-racionalidade instrumental (como diria um dos Cinco Magníficos do Sado ;)). Nós aprendemos matemática e a comportar-nos á mesa, a leoa aprende a caçar. Somos, no entanto, capazes e não podemos escapar ao juízo moral da acção, da escolha que fazemos. Na acção da leoa não se põem questões morais ou de escolha.
Valorizar da mesma maneira o “caminho” hedonista (ou amoral) e o “caminho” produtivo (ou moral) e não os julgar em conformidade abre a porta à irracionalidade e a grandeza humana ou civilizacional não nascem desta via. É possível valorizar da mesma maneira, o “caminho” do asceta místico e o do cientista que descobre a vacina da poliomielite? Definitivamente, não é.
Mais uma vez, o juízo moral não respeita aos fins (subjective value), respeita aos meios (objective value) e são esses que devem ser julgados, porque é nestes que a escolha é decisiva. E mesmo que a vida e o mundo não se dividam em preto e branco, há valores absolutos a respeitar, não significando que possamos resumir as escolhas à Fé ou à Razão.
Por aqui me fico (por enquanto).
por Helder Ferreira @ 6/19/2006 12:26:00 da manhã
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