7.5.06

O Colapso do Brasil

"Meu diagnóstico preliminar – provavelmente antecipatório – não poderia ser mais pessimista: o Brasil caminha, lentamente mas seguramente, para a estagnação do seu processo de crescimento econômico e, quiçá, para uma decadência inevitável.
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Respondendo, portanto, à provocação do título – inspirado no segundo best-seller, homônimo, do biólogo americano Jared Diamond –, eu diria, de imediato, que não há nada de inevitável na decadência econômica brasileira, mas é muito provável que, se mantido o atual 'curso da história', esse resultado já esteja disponível no despontar de alguma curva de futuro de curto ou de médio prazo. Nosso sistema econômico só entrará em colapso se nada for feito, em termos de políticas públicas, para livrá-lo de suas muitas disfunções estruturais, de seus grandes equívocos não-estruturais – isto é, derivados das políticas públicas, justamente – que inviabilizam, hoje, uma taxa de crescimento mais vigorosa, da lenta trajetória em direção ao estrangulamento fiscal, da perda de substância nos investimentos inovadores em função das dificuldades sofridas pelos empreendedores privados e da baixíssima produtividade registrada na economia como um todo, além de outros problemas que tenho procurado analisar em trabalhos recentes.
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O Brasil vem crescendo menos que a média mundial por 10 anos consecutivos, sem ser preciso lembrar que o país já tinha praticamente estagnado nos dez anos anteriores. Um estudo apresentado pela CNI em março de 2006, revela que o Brasil está perdendo importância na economia mundial.
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A razão está em que não são os juros ou o esforço fiscal do governo que inibem volumes maiores de investimentos e, portanto, de crescimento. Isolados esses fatores, ainda assim a taxa de poupança continuaria limitada, o meio ambiente para os negócios preservaria esse cenário altamente dissuasivo ao investimento privado e a carga tributária continuaria pesando sobre os agentes econômicos privados, que são os únicos suscetíveis de criarem riqueza e emprego. Uma hipotética eliminação das despesas com juros ainda deixaria um desequilíbrio fundamental nas contas públicas, feito de crescimento vegetativo das transferências obrigatórias, peso crescente da fatura previdenciária, assunção de novas fontes de gastos como os aumentos do funcionalismo e alguns programas ditos sociais."
Paulo Roberto de Almeida, "Colapso!: prevendo a decadência econômica brasileira"

(via Revista Espaço Acadêmico)